Licenciado do comando do PSDB, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou
nesta quarta-feira (9), após participar de reunião da executiva nacional
do partido, que a discussão sobre o eventual desembarque da legenda do
governo Michel Temer é uma questão "superada" para os tucanos.
Principal defensor da aliança com Temer dentro do PSDB, Aécio disse a
jornalistas, na sede nacional da sigla, que o presidente da República
pode "contar" com os quadros da sigla enquanto "achar necessário".
O PSDB é um dos principais partidos da base aliada de Temer e,
atualmente, comanda quatro ministérios: Relações Exteriores (Aloysio
Nunes), Cidades (Bruno Araújo), Direitos Humanos (Luislinda Valois) e
Secretaria de Governo (Antonio Imbassahy).
"Nosso entendimento é de que essa questão [saída do governo] está
superada. Enquanto o presidente da República achar necessário contar com
os quadros do PSDB, ele terá liberdade para fazê-lo. No momento em que
achar diferente, o PSDB respeitará isso e não mudará a sua postura de
compromisso total e unitário com relação às reformas", declarou o
senador mineiro.
Apesar de Aécio ter tentado demonstrar que o partido está unido em
torno do governo Temer, há uma divisão interna na legenda sobre o apoio
ao peemedebista.
Na semana passada, na votação na qual a Câmara barrou a denúncia de corrupção contra Temer, 21 dos 47 tucanos votaram a favor de a acusação ser analisada pelo Supremo Tribunal Federal.
Ao orientar a bancada tucana no plenário da Câmara, o líder do PSDB
Ricardo Tripoli (SP) chegou a recomendar que os deputados da legenda votassem contra Temer.
Somente na bancada de São Paulo – que é da ala do partido comandada
pelo governador Geraldo Alckmin –, dos 12 deputados tucanos, 11 votaram
pelo prosseguimento da denúncia de corrupção contra o presidente da
República. Alckmin disputa internamente a indicação para concorrer à
Presidência no ano que vem pelo PSDB.
A executiva tucana se reuniu na manhã desta quarta, em Brasília, para
discutir a convocação de um congresso nacional e de convenções
partidárias para as eleições de 2018. Além disso, os tucanos avaliam
como será a revisão e atualização do programa e dos estatutos
partidários.
Pré-candidato
Na avaliação de Aécio Neves, se o partido entrar em consenso sobre quem
será o pré-candidato para a Presidência da República na eleição do ano
que vem, o nome será divulgado em dezembro.
"Para que ele [eventual candidato] possa, a partir dessa indicação,
iniciar também conversas com outros setores da sociedade e com outros
partidos", ponderou.
No entanto, o PSDB também trabalha com um cenário em que até dois nomes
possam ser levantados como pré-candidatos. Nesse caso, destacou Aécio, o
prazo para definir um nome se estenderia para fevereiro ou março de
2018.
"Em havendo mais de um nome colocado por setores expressivos do
partido, nós decidiremos nas prévias, em fevereiro ou março, para, aí
sim, definir de forma objetiva e definitiva qual o nome o PSDB lançará à
Presidência da República", declarou.
'PSDB errou'
Na noite de terça-feira (8), o PSDB passou a vincular inserções
partidárias na qual o partido diz que os tucanos erraram, sem dar
detalhes de quais seriam esses erros.
As chamadas do partido no rádio e na TV convidam os eleitores a
assistirem ao programa partidário do PSDB, que será exibido na próxima
quinta (17), às 20h30, no rádio e na TV. O tema será “É hora de pensar o
país”.
“O PSDB errou e tem que fazer uma autocrítica. Não adianta pedir desculpas”, diz trecho da propaganda tucana.
Ao ser questionado nesta quarta-feira por repórteres sobre quais seriam
os erros aos quais a propaganda partidária se refere, Aécio se limitou a
dizer que não participou da elaboração do programa.
"Na verdade, acho que é uma tentativa de reconexão do PSDB com a
sociedade. É uma tentativa de comunicação, de mostrar que, além dos
acertos que nós tivemos, e não foram poucos, certamente o PSDB cometeu
alguns equívocos", disse o senador de Minas, sem dar mais detalhes.
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