sábado, 26 de dezembro de 2015

Previsão climática para 2016 ainda indefinida, dizem especialistas...




Com 197 municípios em situação de emergência, a dimensão da seca que tanto preocupa a população pode ser resumida em um dado destacado pelo engenheiro civil Francisco Sarmento, doutor em Engenharia de Recursos Hídricos pela Universidade de Hannover (Alemanha): considerando o atual volume dos 124 açudes monitorados no Estado, toda a água desses reservatórios poderia ser armazenada em apenas um deles: Mãe D'Água, localizado no Sertão paraibano, com capacidade de armazenar 567,9 milhões de m³. 

Diante desse cenário, o que resta à população é torcer por dias melhores, já que não existe um consenso sobre o que deve ocorrer em 2016.

Por um lado, alguns pesquisadores trabalham com a possibilidade de que 2016 seja o quinto ano seguido de seca no Nordeste, fenômeno não inédito na história da região. Do outro, a possibilidade de enfraquecimento do fenômeno El Niño, que resultaria na maior possibilidade de chuva nas regiões do Cariri, Curimataú e Sertão paraibano entre os meses de fevereiro e maio.

“A ocorrência de um quinto ano consecutivo de seca não é inédita na história recente. Por exemplo, se olharmos os registros históricos de chuvas na região do Cariri paraibano, iremos constatar que ao longo de 70 anos, tal sequência adversa de cinco anos consecutivos de seca já ocorreu 11 vezes, o que nos permite estimar uma probabilidade de cerca de 15% para tal evento”, explicou Francisco.

Segundo ele, se confirmando mais um ano de seca, só na região da bacia do Rio Paraíba, a maior do Estado, cerca de 1 milhão de pessoas poderão ficar sem água, incluindo a cidade de Campina Grande, que em conjunto com outras 18 cidades abastecidas pelo açude Epitácio Pessoa (Boqueirão) enfrenta racionamento há mais de um ano.

“Visto do prisma das consequências, ou seja, do caos que pode advir caso ocorra mais um ano de seca, 15% não nos parece um número pequeno para não se dispor de um Plano B. Também não podemos nos esquecer que o fenômeno El Niño, cuja influência na ocorrência de secas no Nordeste é cientificamente comprovada, tem mostrado um recrudescimento raro, fato que certamente aumenta a probabilidade mencionada”, acrescentou.

Já a meteorologista da Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba (Aesa), Marle Bandeira, explicou que, apesar de indefinido, o prognóstico para 2016 traz boas expectativas. “Tudo pode mudar, mas os modelos meteorológicos estão indicando um enfraquecimento do El Niño entre março e abril. Com isso, o fenômeno pode retornar a sua forma neutra e deixar de interferir no clima do semiárido, justamente no período chuvoso, aumentando as chances de precipitações mais regulares nessas regiões”, enfatizou.

Como a Paraíba vai iniciar o ano:

22 - reservatórios estão secos;
56 - açudes estão em situação crítica (com menos de 5% do volume);
37 - estão em observação (com menos de 20% de sua capacidade);
31 - reservatórios estão com mais de 20% de sua reserva;
99 - cidades estão em racionamento;
25 - municípios não têm água nas torneiras e precisam ser atendidos por caminhões-pipa;
60 - cidades não têm nenhuma restrição no abastecimento.

Aesa e Cagepa

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